quinta-feira, 19 de junho de 2008

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Culpados e Inocentes

A ligação entre mães e filhos começa desde a gravidez. O período de amamentação intensifica este elo. Muitas mulheres consideram este um dos momentos mais intensos e importantes da vida, pois as mudanças no corpo e ritmo de vida são decisivos para a própria transformação. Mas esta drástica metamorfose requer cuidados especiais, principalmente na parte psicológica das mães. E o que dizer de mulheres que passam por este período sob condições totalmente fora dos padrões considerados normais? Este é o caso de crianças que nascem nos presídios femininos. A lei de execuções penais permite que presidiárias amamentem seus filhos apenas até o sexto mês do bebê. Dependendo do Estado, este tempo pode ser reduzido ao 4º mês. Depois disto, mães e filhos são obrigados a se separar. O tema é polêmico e ainda pouco discutido na sociedade.
No Brasil, as penitenciárias femininas ainda tem pouca estrutura para atender as necessidades das mulheres. O assunto foi discutido em abril deste ano, durante o Seminário Sistemas Penitenciários e Direitos Fundamentais, no Ministério da Justiça, em Brasília. Segundo a diretora executiva do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud) no Brasil, Paula Miraglia, o sistema penitenciário brasileiro ainda deixa muito a desejar no que diz respeito às condições básicas das presas. Em Rondônia não é diferente. O presídio feminino de Porto Velho tem capacidade para oitenta presas, mas atualmente, cento e setenta e três dividem as celas. Setenta por cento das apenadas cumprem pena por tráfico de drogas. Os números foram destaque em uma reportagem da TV Rondônia, no último mês de abril. O material fazia referência a uma outra matéria nacional, publicada na revista Cláudia, que citou o presídio da capital como um dos maus exemplos espalhados pelo Brasil. Como na maioria dos casos, o berçário usado para as presas amamentarem seus filhos, foi improvisado.

POR QUE ESCOLHI ESTE TEMA?

Com certeza há uma influência do momento em que estou vivendo. Sempre gostei de temas polêmicos, culturais e de cunho social. Desde o início do curso de jornalismo, já pensava em um documentário para o meu TCC, que falasse sobre a realidade dos índios da região. Mas outra realidade me pegou de surpresa: junto com o fim do curso, a maternidade! Logo vi que não seria viável viajar para as aldeias com um recém-nascido. Então por que não falar sobre mulheres que estão vivendo um momento semelhante, mas em condições bem diferentes? Estou no sétimo mês de gestação, esperando um menino, e desde que descobri a gravidez muitos pensamentos mexeram com minha consciência. Passei por momentos difíceis e algumas inseguranças começam a voltar com a aproximação do parto. Como seria então para estas mulheres que passam por tudo isso longe do carinho de seus familiares e com perspectivas de vida, na maioria das vezes, precárias? Fiquei fascinada pelo assunto.